Camisa de força química

Mar 15, 2025 - 23:12
Camisa de força química
Imagem: Pixabay

Temos que tomar cuidado com diagnósticos apressadinhos.

"Ah, Fulano tem TOC."

Calma, Fulano pode ser apenas uma pessoa normal que gosta de limpeza.

"Ah, Beltrano é hiperativo."

Ei, calma!

Beltrano pode apenas ser um sujeito mal educado.

Apresentei aqui apenas dois exemplos para mostrar como diagnósticos apressados, imprecisos, incorretos, influenciados até pela moda, podem piorar ainda mais a situação de uma pessoa, ou seja, a pessoa depois de receber um diagnóstico como se fosse uma pedrada, começará a se entupir de medicações e achar que não conseguirá mais viver sem psicoterapia.

O remédio é necessário sim, evidentemente, mas tão somente para as patologias verdadeiras!

Doença é doença.

Normalidade é normalidade.

Normalidade não é doença.

Normalidade é contingência.

Faz parte da vida.

Não se deve tratar nem medicar contingências!

Diante das contingências, apenas orientamos, ajudamos a pessoa a pensar, a refletir, a entender o que se passa.

Sentir medo é natural, ansiedade é normal, tristeza é normal, angústia é normal, estresse é normal, sofrimento é normal, é natural às vezes sentir esgotamento, desânimo.

Faz parte da vida, do dia a dia.

Não se trata nem se medica o que é normal.

As contingências (normalidade, naturalidade) existem para serem enfrentadas, a fim de fortalecer a pessoa, e fazer dela alguém capaz de viver.

Nós tratamos e medicamos quando há verdadeiramente uma doença instalada no indivíduo.

Por exemplo: psicose maníaco-depressiva (transtorno bipolar), depressão endógena, esquizofrenia etc.

Portanto, não podemos favorecer o crescimento de uma sociedade formada por pessoas assustadoramente fracas, viciadas em resmunguice, preguiçosas,que querem tratamento e medicamentos para contingências ou normalidades, fazendo da psicoterapia uma muleta existencial, e das medicações uma camisa de força química. Não!

(Rodrigo Fernando Ribeiro é psicólogo)