Correria...
"Estou na correria", diz a maioria, em uníssono monocórdio, inconsciente e inconsequente.
"Só na correria!"
Frase maldita dos nossos dias.
O mais absurdo é quando essa frase acaba sendo repetida até por alguns profissionais da saúde, quando deveriam não somente falar e orientar o contrário, mas também viver de modo diferente.
"Ah, é só força de expressão."
Não, não é.
Muitos estão mesmo nessa insana correria.
Correndo de quem?
Ou melhor, estão fugindo do quê?
Na prática, o ser humano tem fugido do afeto, fugido da família, fugido do casamento, tem negado a espiritualidade sadia.
Os pais estão fugindo de bricar com os filhos, de acompanhá-los nas tarefas escolares; estão se distanciando do diálogo, do olhar, da proximidade, do toque pele com pele, do abraço, do cafuné.
Não estão querendo mais cuidar. Não se interessam mais em acalmar.
O amor se esvai, e surge no lugar o desafeto, o desamparo. Diabólica desistência.
E os "sábios" adultos prosseguem fugitivos, só na correria.
Aí justificam que, depois de tanta pressa, é preciso relaxar.
Alguns homens, em vez de ir pra casa, preferem ir pro bar e ficar na companhia de outros homens, todos se alcoolizando. Falam de tudo, e nem mais se lembram da esposa e dos filhos.
Algumas mulheres vão pra academia com as amigas, pensando em tudo, menos no marido e nos filhos.
E os filhos ficam soltos, desorientados, mal acompanhados, perdidos, revoltados, drogados.
Pronto: a vida dessa gente terminará em cacos, fragmentos. Vida carcomida, enferrujada, despedaçada, sem graça, doente, desesperada.
E você?
Vai parar um pouco, ou prosseguirá conduzindo sua vida "só na correria"?