Depois de amar um Príncipe, Tiago Cruvinel lança Adorável Ciumento
A linguagem enxuta, em que diversas vezes há uma única palavra na frase, é a fortaleza da literatura de Tiago. A leveza nas ironias é outro atrativo. Diante do ciúme do namorado, há um exagero bem construído: “Eu me sinto nos anos 20. Uma mulher totalmente sem direitos. Tentando pedir permissão ao meu marido para existir. Seria justo eu aceitar isso depois de todos e TODAS que lutaram, e ainda lutam, pela liberdade?”
Apenas o adorável ciumento é analisado. O autor se poupa de autoanálises. Não se sabe ao certo se ser geminiano é uma crítica ou elogio. O leitor ainda fica curioso para saber porque terminou a relação com o ex-marido: “Que homem, Brasillllll. Uma salva de palmas! Eu casei com o homem certo.”
As situações de ciúmes são apenas pinceladas. Não há aprofundamentos nem diálogos. A visão predominante é do autor: “Teria alguém o direito de ter ciúmes dos meus esforços? Das minhas memórias? Do meu presente? Do meu ex, que é presente?”
Tiago Cruvinel é professor universitário e considera que “relacionar-se também é sinônimo de aprendizagem. Aprender aquilo que não está nos livros. Aprender sozinho é horrível.”
O final sugere reconciliação entre o casal. “Quem devo amar mais? Ele ou a mim mesmo? Aceitá-lo com esse defeito de fabricação é deixar de me amar?” Provavelmente, o adorável ciumento deve faria esses mesmos questionamentos.