Febre aftosa: vacinação de rebanhos em Minas terá mudança inédita em 73 anos
"Este é um momento histórico para nosso estado, pois há 70 anos temos vacinado nosso rebanho. Considero a retirada da vacinação contra febre aftosa uma vitória, mas ainda temos muito trabalho a fazer. Agora, a necessidade é atualizar os dados do rebanho para que possamos monitorar de forma eficiente nosso território. Esta é uma exigência da Organização Mundial de Saúde Animal, (OMSA) além de ser uma medida preventiva. Então, convocamos os produtores mineiros para procurarem o IMA e atualizarem seus dados. Isso pode ser feito pela Internet ou mesmo presencialmente em uma de nossas unidades." Antônio Carlos de Moraes, diretor-geral do IMA.
Além de Minas, os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Tocantins e o Distrito Federal não têm mais a vacinação obrigatória. A suspensão só foi possível após uma série de ações sanitárias desenvolvidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em conjunto com os estados no âmbito do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância da Febre Aftosa (PE/PNEFA), desde 2017.
MAPA e IMA deverão fazer estudo
O gerente executivo técnico do Sistema FAEMG SENAR, Bruno Rocha de Melo, lembra que, em 31 de março desse ano, foi publicada a portaria 574 pelo Mapa que proíbe o armazenamento, a comercialização e o uso da vacina anti-aftosa em Minas. “A partir de agora, cabe à Vigilância Sanitária verificar a sanidade desses animais. E esperamos que, no próximo ano, tenhamos um estudo conduzido pelo Ministério da Agricultura e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) para confirmar a ausência de circulação viral do vírus da febre aftosa", disse Bruno.
Os benefícios da retirada da vacinação já são percebidos pelos elos da cadeia produtiva. As estimativas da Seapa apontam uma economia de aproximadamente R$ 700 milhões por ano, para a pecuária de Minas, considerando os gastos com os imunizantes e com pessoal para aplicação e as perdas na produção de leite, devido à imunização das fêmeas leiteiras.
História da doença
A febre aftosa foi detectada na Itália em 1514. No Brasil, o primeiro registro ocorreu em 1895, no Triângulo Mineiro. Como prevenção, o Ministério da Agricultura promove ações desde 1934, quando foi publicado o regulamento do Serviço de Defesa Sanitária Animal. Mas as instruções específicas para o seu controle, que incluía a vacinação, foram definidas em 1950 e as campanhas organizadas tiveram início em 1965. O último foco no Brasil foi detectado em 2006, no Paraná e Mato Grosso do Sul.
Como se dá a transmissão?
- A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda que causa febre, seguida do aparecimento de vesículas (aftas), principalmente, na boca e nos pés de animais de casco fendido, como bovinos, búfalos, caprinos, ovinos e suínos.
- É causada por um vírus, com sete tipos diferentes, que pode se espalhar rapidamente, caso as medidas de controle e erradicação não sejam adotadas rapidamente.
- É transmitida pela movimentação de animais, pessoas, veículos e outros objetos contaminados pelo vírus. Calçados, roupas e mãos das pessoas que lidaram com animais doentes também podem transmitir o vírus.
Quais são os prejuízos econômicos para o produtor?
O principal efeito da febre aftosa é comercial. A doença afeta enormemente o comércio interno e externo de animais e seus produtos. Devido ao alto poder de difusão do vírus e aos impactos econômicos provocados pela doença. (Itatiaia)