Floradas decepcionam e perspectivas da produção de café no Sul de Minas são pessimistas
O gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) em Guaxupé, Willem de Araújo, explica que as esperanças de uma boa safra neste ano foram contrariadas ainda em dezembro.
“Infelizmente, houve um baixo vingamento dos frutos e se restringiu em algumas regiões a uma única florada. Isso foi devido a algumas questões climáticas que enfrentamos aqui no Sul de Minas, como a geada, em julho e agosto, e o longo período de estiagem, que em alguns municípios foi superior a 100 dias. Embora o cafeeiro precise de um pouco de estresse hídrico, no último ano esse fenômeno foi muito acima do esperado, o que acarretou esse baixo pegamento.”
Willem Araújo informou ainda que os ramos e as rosetas, onde são inseridos os grãos, estão com metade do que seria esperado para esse período do ano, o que terá impacto negativo no volume da próxima safra. “Possivelmente, a colheita ficará no máximo no mesmo nível de 2021, que era um ano de baixa produção, de acordo com a característica bianual dos cafeeiros”, lamentou.
O gerente da Emater-MG aponta ainda, além do clima, outro fator de preocupação quanto ao desempenho da cafeicultura no Estado de Minas, em 2022. “Os produtores de café também enfrentaram outro problema, em novembro e dezembro, que foi a escassez de fertilizantes. Muitos começaram a realizar a primeira adubação do ciclo no final de dezembro, e o café necessita no mínimo três a quatro adubações, durante o período de formação dos frutos até a colheita”, relata.
Os técnicos da Emater-MG em todo o Estado já estão em campo para avaliar detalhadamente as perspectivas para a colheita deste ano, além de fazerem as recomendações junto aos produtores, no sentido de empregar as melhores práticas de manejo para a melhoria da produção e da qualidade do café.
“É fundamental manter em dia os tratos culturais, como o controle do mato e das doenças, como a ferrugem, que costuma aparecer nesta época de mais chuvas. E muita atenção também com o monitoramento da broca, que afeta muito a qualidade do café, já que esta praga consome a parte interna dos frutos. Os extensionistas da Emater-MG estão sempre à disposição para orientá-los a tomar as melhores decisões, o que neste momento de incertezas e dificuldades é ainda mais importante, para evitar maiores perdas”, aconselha Willem de Araújo.
Queda na produção
Em Minas Gerais, a produção ficou em 22,142 milhões de sacas de café beneficiado, com queda de 36,1% em relação ao volume obtido em 2020 e 9,8% abaixo do total colhido em 2019 (última safra de bienalidade negativa). Desse total, cerca de 11,751 milhões de sacas foram colhidas nas regiões Sul e Centro-Oeste do Estado, onde as condições climáticas durante o último ciclo da lavoura foram especialmente desfavoráveis, com escassez de chuvas e ocorrência de geadas. Tanto que o resultado ficou abaixo da média estadual, com queda de 38,6% em relação ao total produzido em 2020. (Emater-MG)