Somos seres em conflito, instáveis.
O ser humano, não tão raro, pode sentir desespero, ficar irado, se perceber despedaçado, desfigurado, angustiado.
É sempre mais sofrível e terrível àquele indivíduo mais sensível, que tem a consciência do bem e do mal, notar que, assim como escreveu Paulo, às vezes não consegue fazer o bem que deseja, mas acaba praticando o mal que detesta.
Pessoa assim teme a si mesma, especialmente nas situações de inevitável e intransferível conflito interior.
Indivíduo assim não tem coragem de tirar a própria vida, então pede pra morrer, suplica a Deus que o leve, que o mate.
Teme que, ficando vivo, venha a causar escândalo, cometer um gesto de violência, ofendendo a família, a sociedade e a Deus.
Deus ouve a súplica, mas não atende o pedido.
O sujeito permanece vivo.
O tempo passa...
Ele se acalma.
Dias depois, compreende o propósito de ter continuado a viver.
O propósito é sempre aprender.
Somos aprendizes, e Deus permite que seja assim.
Assim seja, pois somente sentindo na pele a dor que maltrata, poderemos estender a mão um dia para ajudar a impedir outrem, desesperado, que, sem ajuda, concretamente se mata.
Estamos à semear.
Nossa missão é ajudar, na alegria e na dor, no entusiasmo e no torpor.