Há 50 anos, cirurgião de Guaranésia é referência no tratamento de hérnias, com projeção internacional
Aos 85 anos, morando em Belo Horizonte com a família, Dr. Alcino é cirurgião geral, gastroenterologista, professor emérito da UFMG e autor de 30 livros publicados. O extenso currículo inclui doutorado em Cirurgia e muitas pesquisas.
Filho de Dúlia Gentil Gianerinni da Silva e do farmacêutico João Biela da Silva, Dr. Alcino trabalhou como auxiliar de farmácia em Guaranésia. Fez o curso científico em Mococa antes da graduação em Medicina pela UFMG, em 1959. A iniciativa de pesquisar a correção de hérnia incisional, decorrente de uma cirurgia anterior que enfraqueceu o músculo no ponto de incisão, começou no 4º ano da universidade. Levou mais de década de pesquisa até a publicação oficial, em 1971. O site www.transpalb.com, que é o nome científico da técnica, tem informações sobre esse procedimento.
Questionado se é muita responsabilidade ter o próprio nome associado a uma técnica com credibilidade científica, Dr. Alcino dá uma resposta modesta: “Mesmo com êxito comprovado da Tranpalb não é prudente colocar o nome dos autores como criadores, porque o conhecimento dos processos médicos em todo o mundo varia de país para país, de acordo com a estrutura física dos cidadãos e do imprevisível mundo das hérnias.”
No entanto, além do Brasil, outros países utilizam a Técnica de Lázaro da Silva. “O que sei a respeito é que ex-alunos cirurgiões, após viajarem para o exterior, trazem a notícia de que presenciaram procedimentos da Tranpalb sendo realizado na Inglaterra, França, Espanha, Bulgária, Turquia, Paraguai e Cuba.
Dr. Alcino não se limitou à pesquisa e tratamento de uma única hérnia. “Me dediquei ao estudo de todas as outras hérnias que acometem o físico do paciente, como por exemplo as hérnias de hiato esofágico, crural, umbilical, epigástrica... Lembrar-se sempre de que todas as hérnias potencialmente podem se complicar em encarceramento ou necrose de conteúdo.”
Mesmo com a excelência oferecida pela Transpalb, ele destaca a necessidade de mais pesquisas nessa área. “Há possibilidade de complicação que varia em número, de acordo com o tipo de hérnia, porque todas têm anel inextensível que participa dos encarceramentos ocorridos. O problema continua aberto para pesquisas, sobretudo no nível humano.”
Aos 85 anos, o guaranesiano se mantém um profissional atuante e informa que os estudos sobre hérnia continuam na área clínico-cirúrgico, limitando-se mais à cirurgia geral e digestiva. “A minha prioridade continua sendo o atendimento clínico aos meus pacientes antigos e o atendimento filantrópico no Hospital Cristiano Machado. Parte das minhas atividades também se deve à nossa intenção de fazer a Fupec (Fundação de Pesquisa e Ensino em Cirurgia) crescer para aumentar o atendimento aos usuários do SUS e também beneficiar os estudantes de Medicina.”
Vida familiar e volta à terra
Neste ano comemorativo dos 50 anos da Técnica de Lázaro da Silva, Dr. Alcino afirma: “Sou filho de Guaranésia, a quem amo e volto sempre para curti-la.”