MIL DIAS DE GOVERNO, 600 MIL MORTOS PELA COVID
Quanto à exatidão dos mil dias,observemos que os meses se alternam entre 30 e 31 dias, à exceção de fevereiro, que foi mutilado em 28 dias na formação do nosso atual Calendário Gregoriano. Assim sendo, de janeiro a setembro chegaríamos a 273 dias. Para atingirmos os 300, que serão somados aos 700 dos dois primeiros anos, entraremos em outubro sem chegarmos ao seu fim. Ainda com um detalhe: o ano de 2020 foi um ano bissexto, tendo sido fevereiro do ano passado um mês de 29 dias, portanto a soma dos dois anos iniciais do mandato foram de 701 dias. Mais 273, até o final de setembro em curso, dá um total de 974 dias. Assim sendo, faltam 26 dias de outubro para o fechamento dos MIL DIAS, ao contrário da data anunciada como sendo 26 de setembro.
E o que dizer dos 1.000 dias que a propaganda oficial diz ser de um governo sério, honesto e trabalhador? Como político cansei de ouvir que honestidade não é virtude, mas, obrigação. Mas quem avalia se sou honesto ou não são as pessoas de fora, é a imprensa ou é a oposição. Não eu mesmo. Pois assim pensa e assim se julga o presunçoso Governo Bolsonaro, se autoproclamando estar investido nessas três qualidades. Na realidade, duvidosas. Sério ao ponto de tratar uma pandemia do jeito que tratou. Inicialmente com descrença, seguindo-se o deboche e a indiferença e, ainda mais, negando o valor da vacina, consequentemente, negando o valor da Ciência que foi quem se mobilizou e se desdobrou, combatendo a doença numa guerra inglória, onde os soldados de branco deram suas próprias vidas, enquanto outros em tempo recorde produziram as vacinas. Honestidade questionável com os indícios de corrupçãodentro do Ministério da Saúde, levantados na CPI da Pandemia, ou no avião presidencial que transportou cocaína para a Espanha, ou, em outros níveis, com três governadores que foram aliados e eleitos junto com o Presidente Bolsonaro: Wilson Witsel (PSC/RJ), já com o mandato cassado; Comandante Moisés (PSL/SC), afastado duas vezes para julgamento parlamentar-judicial; e Wilson Lima (PSC/AM), formalmente processado nesta semana, todos envolvidos com superfaturamento e desvios do dinheiro da Saúde para o combate à COVID-19. Trabalhador, claro, nada na vida cai do céu, tem de ser à custa de labor.
No meu modesto entendimento, a peça publicitária que anuncia os mil dias passou um recado sofrível, pensando que o mesmo pudesse atingir muitos setores da população. Na realidade é outra mensagem para o consumo interno de uma legião de fanáticos em quem este governo ainda se agarra no afã de mantê-los coesos até as eleições presidenciais do ano que vem. Assim tem sido a atualgestão federal, capaz de ignorar outras visões de mundo, como na recente Assembleia Geral das Nações Unidas, numa posição de isolacionismo, mas, persistindo num discurso distante, controvertido, apenas para o agrado dos seus seguidores nacionais. Já não tem mais a guarida de Donald Trump, antes o seu maior trunfo, na condição de Presidente dos Estados Unidos da América. Na Europa atual suas afinidades de pensamento se dão com dois governantes mal vistos dentro da própria comunidade europeia: os presidentes da Polônia, Andrzej Duda, e o da Hungria, Viktor Orbán.
Entretanto, não menosprezemos a força nem os impulsos ditatoriais do Senhor Bolsonaro. Longe estão as comemorações dele de se restringirem a mensagens midiáticas. Sabe-se que dentro delas ele estará fazendo verdadeiras cruzadas pelo País, inaugurando obras do seu governo e invocando a Deus, à Pátria, à Família, à propriedade, ou seja, essa velhae agressiva mistura fascista que já alavancou ditaduras e produziu guerras. Continuará sendo permissivo e incentivador das armas, instigando seus admiradores no sentido de que as adquiram sob pretexto de serem caçadores de javalis selvagens. Na realidade são armas acessíveis a quem tem muito dinheiro e poder, grande parcela dos seus admiradores e seguidores. Foram facilitadas por decretos para que cumpram reais objetivos, não de ostensivoscaçadores de javalis, mas de formadores de milícias dispostas a manterem no poder esse tipo de ideologia fascistóide.