Minas Gerais pode enfrentar novas ondas de calor nos próximos meses

Nov 22, 2023 - 00:00
Minas Gerais pode enfrentar novas ondas de calor nos próximos meses
Minas Gerais pode enfrentar novas ondas de calor nos próximos meses
Uma forte onda de calor atingiu Minas Gerais nos últimos dias e provocou recordes de temperatura, com termômetros chegando a 44,8°C e batendo a marca de dia mais quente no histórico de medições do país. O fenômeno deixou o Estado no último domingo, 19 de novembro, com a chegada da chuva, que trouxe alívio aos mineiros. Mas engana-se quem pensa que esse será o último episódio de calor acima da média neste ano. Especialista estima que o fenômeno deve atingir boa parte do país até fevereiro. 
 
“Novas ondas de calor vão ocorrer nos próximos meses, não só em Minas como em todo o Brasil. Desde agosto, o El Ninõ a temperatura da água do oceano pacífico está em 28ºC, com anomalia de 3ºC graus acima do normal. Isso deve ocorrer até o mês de fevereiro. Ainda não é possível estimar se a temperatura vai aumentar ainda mais”, aponta o professor de climatologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), Fúlvio Cupolillo. 

O especialista explica que a onda de calor é comum em anos sob atuação do El Ninõ, que provoca aumento das temperaturas nas águas do Oceano Pacífico e causam seca extrema em boa parte do país. Em Minas, o fenômeno provoca termômetros acima da média e baixa umidade do ar. Segundo o especialista, em atuação nos últimos meses, o El Ninõ deve atingir seu ápice em dezembro, com a chegada do verão que vai contribuir para novas ondas de calor. “Em dezembro a temperatura pode aumentar, principalmente com a chegada do verão, então devemos ter alguns dias de calor maior", avalia. 

Cupolillo afirma que a onda de calor ocorre quando a temperatura fica 5°C acima da média. Ele ressalta, no entanto, que o fenômeno ocorre em um período de três a quatro dias consecutivos a cada mês. Com isso, ele avalia que o Estado pode enfrentar três períodos de calor até fevereiro, quando o El Ninõ perde força. "Durante o mês de janeiro o cenário se repete e podemos ter dias quentes como aconteceu agora em novembro. Isso dura cerca de três a quatro dias consecutivos. Em fevereiro temos o veranico, que é um período seco dentro da estação chuvosa. Se uma onda de calor coincidir com o período de ocorrência do veranico aí a situação piora”, alerta. 
 
Para aqueles que não gostam das altas temperaturas causadas pelo El Ninõ, o professor do IFMG conta que o fenômeno  já tem data para acabar. “Historicamente o El Ninõ deixa de atuar entre o final de março e o final de abril. E é em março que a meteorologia começa a ter evidências para projetar se no próximo ano teremos atuação de El Ninõ ou de outros fenômenos, como a La Ninã”, conta. 

Riscos à saúde 
Além do desconforto térmico, o calor extremo, como o vivenciado na última semana, traz prejuízos ao organismo, como desidratação, insolação e sobrecarga do corpo. Segundo o  clínico geral Último Libânio da Costa, idosos e crianças são os mais suscetíveis aos efeitos das altas temperaturas.

“O maior risco é a desidratação, a maior parte do corpo é composto por água e a falta dela pode acarretar problemas em todos os sistemas corporais. A falta de volume de líquidos corporais pode levar a queda de pressão arterial, torpor, alteração de consciência e até desmaios. Os rins também precisam de líquidos para funcionar e a falta dele pode acarretar em insuficiência renal aguda por falta de líquido. Elevação de nível de sódio também pode levar a alteração de consciência, entre outros riscos”, alerta.
 
No caso dos grupos mais vulneráveis, como idosos, crianças, pessoas com problemas cardíacos, respiratórios ou de circulação, diabéticos e gestantes, o especialista ressalta que os efeitos do calor extremo podem levar, inclusive, à morte. “Pode haver queda importante da pressão arterial, comprometimento da função renal e alterações de funcionamento do metabolismo que podem levar a falta de consciência e até a morte. Por isso é importante ficar atento quando o indivíduo fica mais prostrado porque antes da evolução mais grave o paciente dá sinal”, afirma.  

O especialista dá dicas para o período de calor:
  • Tomar bastante água 
  • evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h; 
  • utilizar roupas leves, bonés ou chapéus e protetor solar;
  • deixar as janelas abertas em casa e em veículos sem ar-condicionado;
  • manter ambientes úmidos com toalhas molhadas, umidificadores de ar ou mesmo baldes com água;
  • e tomar banhos ligeiramente mornos, evitando a mudança brusca de temperatura.
(Com O Tempo)