Nossas veias ainda estão bem abertas
O livro mais conhecido de Galeano é “As veias abertas da América Latina”, de 1971, um farol contra os arbítrios ditatoriais nos países latinos. Esse clamor ainda se faz necessário, pois as feridas não se cicatrizaram e as veias permanecem abertas, numa história de séculos de exploração econômica e de miséria social. O saque das riquezas nacionais e do patrimônio público continua voraz, vem dos tempos das caravelas invasoras até as trevas atuais. “O medo nos governa. Essa é uma das ferramentas de que se valem os poderosos, a outra é a ignorância”, alertou.
As mazelas estão ao nosso redor. “A pobreza não está escrita nos astros; o subdesenvolvimento não é fruto de um obscuro desígnio de Deus. As classes dominantes põem as barbas de molho, e ao mesmo tempo anunciam o inferno para todos. De certo modo, a direita tem razão quando se identifica com a tranquilidade e a ordem; é a ordem, de fato, da cotidiana humilhação das maiorias”, escreveu.
Eduardo Galeano estaria completando 80 anos neste mês, ele nasceu em 3 de setembro de 1940 e morreu em 13 de abril de 2015. Ele deixou bem claro que “na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que morre”.