Pandemia acelera uso de ferramentas digitais entre agricultores de Guaranésia
A iniciativa surgiu em 2020, num momento de crise. A extensionista da Emater-MG, Heloísa Romanelli conta que, antes da pandemia, vários produtores da cidade forneciam produtos (hortaliças, frutas e quitandas) para escolas públicas da cidade por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) ou comercializavam os alimentos na Feira da Agricultura Familiar, promovida às quintas-feiras, na Praça Dona Sinhá. “Com o fechamento das escolas e a interrupção da feira, devido ao surgimento da Covid-19, eles corriam o risco de perder toda a produção de verduras e legumes e ainda perder a renda. Então decidimos seguir o exemplo de outros municípios, que estavam fazendo feiras virtuais. E a ideia teve uma boa adesão por parte dos feirantes”, afirma a técnica.
Em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Agropecuária de Guaranésia, foi desenvolvida uma arte gráfica para divulgação dos produtos da Feira da Agricultura Familiar Delivery no site da prefeitura e em redes sociais, como o Facebook e WhatsApp. O link da feira traz o telefone de cada produtor com os produtos, os preços e dia da semana para entregas.
Também foram feitas postagens sobre orientações e cuidados de manipulação dos produtos, visando à proteção dos feirantes e consumidores. “De início, os produtores ficaram um pouco inseguros quanto à venda on-line dos produtos, porém, à medida que ocorriam as propagandas nas redes sociais as vendas foram aumentando”, diz Heloísa.
Vantagens do mundo digital
Com o fim da onda roxa, que obrigou o fechamento de várias atividades comerciais nos meses de março a abril deste ano, a Feira da Agricultura Familiar voltou a ser realizada na praça, mas muitos produtores não deixaram de lado as vendas por delivery. Valdirene diz que enquanto ela está na feira, o marido dela faz as entregas de carro. “Acho que minhas vendas aumentaram uns 40% por cento com a feira delivery. Estou muito feliz”, comemora a feirante.
Mas além de utilizar os celulares para venderem seus produtos, a equipe da Emater e os agricultores familiares da cidade descobriram outras vantagens das redes sociais. “A gente se comunica muito pelo Whatsapp. Temos grupos para o CMDR (Comissão Municipal de Desenvolvimento Rural) e o Pnae. Antigamente o pessoal precisava vir ao escritório da Emater. Agora, quando sai publicado o edital do programa, a gente já manda por Whatsapp, assim como outras informações e esclarecimentos importantes para o pessoal. É tudo mais ágil. O uso da tecnologia está fazendo uma grande diferença na vida do produtor rural”, argumenta Heloísa.
Valdirene também modificou velhos hábitos e diz que o uso do celular melhorou muito o dia a dia dela. A produtora conta que a vida na roça era muito isolada e difícil sem a internet. “Agora com os grupos, a gente interage mais com as pessoas. Pergunta para os colegas da feira, por exemplo, por quanto eles estão vendendo os produtos e trocamos experiências”, diz.
Devido ao sucesso da feira delivery, a equipe do escritório local da Emater-MG foi a vencedora do prêmio Melhor Inovação da Unidade Regional da Emater-MG de Guaxupé. O concurso contempla as melhores iniciativas dos extensionistas da empresa no ano. Apesar do susto inicial, os agricultores familiares de Guaranésia tiraram várias lições da pandemia, aprenderam a buscar novas soluções e estão cada vez mais conectados.